sexta-feira, 8 de maio de 2009

Marina

Sentada em algum andar da Maternidade São Luiz, eu esperava o chamado para fazer um exame de rotina. Uma moça apática, com talvez 26 ou 27 anos, descansava a minha frente e olhava para o nada.Embora eu sentisse que a pessoa que buscava suporte para o momento era ela,um homem apoiava a cabeça em seu ombro passando a mão em sua barriga.
Não sei o que ele disse. Ela o afastou e deu-lhe um olhar que até hoje eu não gostaria de receber. Ele se levantou e foi fumar.
Fui pegar um copo d’água, a moça solicitou-me um sem gelo. Com o antigo lugar ocupado, sentei-me ao seu lado.
A possibilidade de aborto para a tentativa de remover um tumor era a razão do olhar e palidez. Para ela, esta hipótese era nula.Marina teria uns seis meses de vida e faltavam -lhe quatro para uma cesariana saudável. Disse-me que se veio a este mundo somente para dar a luz, tudo bem, sem problemas. Compreendi o desespero do marido e, naquela época,esforcei-me para entendê-la.
Não iria escrever nada hoje, estou sobrecarregada,justamente para poder passar o dia das mães com a minha.
Porém ontem, em uma estação de metrô, reparei uma mulher que calçava a mesma melissinha que eu. Mestiça,com o cabelo curtinho e vestido azul, ela se aprontava para descer na estação Liberdade. Chamei-a pelo nome, aliás, nunca o esqueci. Ela me olhou e óbvio não me reconheceu.
Apresentei-me e sentamos na plataforma. Passei pela meia hora mais animada do ano. Marina ficou na dela um tempinho.Terminou a faculdade e agora é nutricionista em um hospital.Está casada há um ano novamente.Vi fotos da Mayara,ela hoje tem 12 anos.

Um comentário:

Ro Florêncio disse...

Adorei o blog e a visita também! Volte mais vezes e feliz dia das mães!
abraço.